Indicamos o artigo publicado na revista 'Politeia: história e sociedade' (2004), do Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, de Armando Boito Jr. sobre a "nova" classe média, "proletarização" dos quadros não-manuais, ideologia e luta de classes. Boito Jr. é um importante intelectal brasileiro do marxismo, professor titular de ciência política da Unicamp, coordenador do grupo de estudos althusserianos da CEMARX. Segue o link do artigo abaixo:
Seriam os trabalhadores da chamada classe média (servidores públicos, trabalhadores de escritório etc.), que hoje se organizam em sindicatos, realizam greves e representam partes significativas e crescentes da população brasileira integrantes da classe trabalhadora, do "mundo do trabalho", sujeitos propensos a luta pelo socialismo? O autor, fazendo uma revisão crítica da literatura sociológica sobre o tema, pondera os riscos de um simplismo em relação à classe média e o socialismo, retomando a importância de uma precisão conceitual sobre o proletariado, que abarca condições econômicas, políticas e ideológicas.
No processo de construção do socialismo, ocultar essa contradição entre a classe média e classe operária, veiculando um discurso genérico em defesa dos interesses da "classe trabalhadora" ou dos interesses do "mundo do trabalho", significa fazer o jogo dos trabalhadores não manuais contra os trabalhadores manuais. Porém, a contradição entre a classe média e classe operária deve ser considerada, para recuperar uma noção desenvolvida por Mao Tsé-Tung, uma contradição no seio do povo e, como tal, deve ser tratada com métodos democráticos. Se o poder operário tratar a contradição com a classe média da mesma maneira que trata a contradição com a burguesia, ela poderá se converter em uma contradição de tipo antagônico e levar à ruína o processo de construção do socialismo.
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