sábado, 28 de abril de 2012

Zeca Afonso - A voz do antifascismo português

"O capital é trabalho morto, que apenas se reanima, à maneira dos vampiros, chupando o trabalho vivo e que vive quanto mais trabalho vivo chupa"

“O capital ao surgir escorre-lhe sangue e lodo por todos os poros, da cabeça aos pés”

Marx



OS VAMPIROS, José "Zeca" Afonso

No céu cinzento 
Sob o astro mudo          
Batendo as asas 
Pela noite calada         
Vêm em bandos com pés veludo      
Chupar o sangue fresco da manada  
Se alguém se engana 
Com seu ar sisudo        
E lhes franqueia 
As portas à chegada        
Eles comem tudo 
Eles comem tudo   
Eles comem tudo 
E não deixam nada

A toda a parte 
Chegam os vampiros  
Poisam nos prédios 
Poisam nas calçadas  
Trazem no ventre 
Despojos antigos  
Mas nada os prende 
Às vidas acabadas    
São os mordomos 
Do universo todo  
Senhores à força 
Mandadores sem lei  
Enchem as tulhas 
Bebem vinho novo  
Dançam a ronda 
No pinhal do rei    
Eles comem tudo 
Eles comem tudo  
Eles comem tudo 
E não deixam nada    

No chão do medo 
Tombam os vencidos 
Ouvem-se os gritos 
Na noite abafada 
Jazem nos fossos 
Vítimas dum credo  
E não se esgota 
O sangue da manada    
Se alguém se engana 
Com seu ar sisudo  
E lhe franqueia 
As portas à chegada  
Eles comem tudo 
Eles comem tudo  
Eles comem tudo 
E não deixam nada    
Eles comem tudo 
Eles comem tudo  
Eles comem tudo 
E não deixam nada

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