Pelo menos uma dezena de lançamentos tratam dos anos de chumbo
Marcelo Gonzatto
Uma série de livros recém-lançados ou em vias
de chegar às prateleiras promete lançar novas luzes sobre um
período da história brasileira ainda repleto de sombras.
A proximidade do aniversário de 50 anos do golpe militar que implantou a ditadura no Brasil, na virada do mês, motivou a publicação de pelo menos uma dezena de títulos que pretendem não só recontar a destituição do presidente João Goulart. Visam também fornecer novas análises sobre os desdobramentos dessa ação e revelar passagens ainda pouco conhecidas de como o país perdeu sua liberdade.
Um dos principais lançamentos, 1964 – O Golpe, do jornalista gaúcho Flávio Tavares, começa a ser distribuído hoje às livrarias trazendo transcrições integrais de documentos do governo americano que revelam como os EUA tiveram participação decisiva na conjuração que expulsou Jango do Palácio do Planalto.
– O golpe nasceu nos Estados Unidos – afirma Tavares.
O autor se baseia em informações de primeira mão, a exemplo do diálogo do então presidente americano John Kennedy com o embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, para demonstrar em detalhes como a Casa Branca concordou com a infiltração de agentes no Exército brasileiro e a injeção de dinheiro a fim de contribuir com o golpe. Além disso, permitiu o deslocamento de navios para um eventual apoio armado.
– Eu tinha esses documentos porque fui citado em um deles, mas não havia analisado todo o material. Há pouco tempo descobri o que havia ali. Por sorte, as conversas na Casa Branca começaram a ser gravadas no dia em que Kennedy recebeu o embaixador – diz Tavares, que mistura referências documentais com sua própria experiência em Brasília na época do golpe como jornalista político.
O historiador da USP Marcos Napolitano assina outra obra recém-lançada sobre o assunto para discutir um ponto igualmente pouco explorado na historiografia tradicional do regime de exceção. No livro 1964: História do Regime Militar, ele se debruça sobre questões como o apoio de boa parte da sociedade civil à tomada do poder pelos militares. Esse mesmo viés é adotado na obra Ditadura e Democracia no Brasil, de Daniel Aarão Reis, para quem a ditadura não foi simplesmente “imposta de cima para baixo”.
O aniversário do golpe, para Napolitano, permite que essa série de publicações corrija o rumo de algumas avaliações tradicionais sobre o período de chumbo:
– Há muitas conclusões apressadas sobre o apoio e a participação dos civis nesse episódio, e é possível avançar muito em áreas como essa.
Napolitano sustenta que também restam muitos pontos obscuros sobre como funcionava o aparato da repressão – principalmente sobre as guerrilhas. Esses cantos da história, porém, ainda exigirão mais tempo para serem iluminados.
A proximidade do aniversário de 50 anos do golpe militar que implantou a ditadura no Brasil, na virada do mês, motivou a publicação de pelo menos uma dezena de títulos que pretendem não só recontar a destituição do presidente João Goulart. Visam também fornecer novas análises sobre os desdobramentos dessa ação e revelar passagens ainda pouco conhecidas de como o país perdeu sua liberdade.
Um dos principais lançamentos, 1964 – O Golpe, do jornalista gaúcho Flávio Tavares, começa a ser distribuído hoje às livrarias trazendo transcrições integrais de documentos do governo americano que revelam como os EUA tiveram participação decisiva na conjuração que expulsou Jango do Palácio do Planalto.
– O golpe nasceu nos Estados Unidos – afirma Tavares.
O autor se baseia em informações de primeira mão, a exemplo do diálogo do então presidente americano John Kennedy com o embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, para demonstrar em detalhes como a Casa Branca concordou com a infiltração de agentes no Exército brasileiro e a injeção de dinheiro a fim de contribuir com o golpe. Além disso, permitiu o deslocamento de navios para um eventual apoio armado.
– Eu tinha esses documentos porque fui citado em um deles, mas não havia analisado todo o material. Há pouco tempo descobri o que havia ali. Por sorte, as conversas na Casa Branca começaram a ser gravadas no dia em que Kennedy recebeu o embaixador – diz Tavares, que mistura referências documentais com sua própria experiência em Brasília na época do golpe como jornalista político.
O historiador da USP Marcos Napolitano assina outra obra recém-lançada sobre o assunto para discutir um ponto igualmente pouco explorado na historiografia tradicional do regime de exceção. No livro 1964: História do Regime Militar, ele se debruça sobre questões como o apoio de boa parte da sociedade civil à tomada do poder pelos militares. Esse mesmo viés é adotado na obra Ditadura e Democracia no Brasil, de Daniel Aarão Reis, para quem a ditadura não foi simplesmente “imposta de cima para baixo”.
O aniversário do golpe, para Napolitano, permite que essa série de publicações corrija o rumo de algumas avaliações tradicionais sobre o período de chumbo:
– Há muitas conclusões apressadas sobre o apoio e a participação dos civis nesse episódio, e é possível avançar muito em áreas como essa.
Napolitano sustenta que também restam muitos pontos obscuros sobre como funcionava o aparato da repressão – principalmente sobre as guerrilhas. Esses cantos da história, porém, ainda exigirão mais tempo para serem iluminados.