autor do texto
Texto abaixo retirado do site http://paginavermelha.org/, tradutores para português do texto original.
Revolution #257, 29 de Janeiro de 2012
Nota dos Editores: O jornal Revolution (revcom.us) inicia neste
número a publicação da importante conferência que Raymond Lotta
deu durante a sua digressão pelas universidades norte-americanas em
2009-10. Esta versão da conferência, proferida na Universidade de
Harvard em Abril de 2010, foi ligeiramente editada e foram
acrescentadas notas para a versão impressa. As Partes 1, 2, 3 e 4
foram publicadas nas edições nos. 257 a 260 do
Revolution, entre 29 de Janeiro e 19 de Fevereiro de 2012.
1ª Parte
É com muito gosto que estou em Harvard para falar convosco sobre os comunismo. A minha conferência tem cinco temas principais:- Como é que a actual atmosfera intelectual e académica restringe e mutila o discurso do que é possível fazer no mundo.
- O que são de facto o socialismo e o comunismo – e o que não são.
- Como o que «todos sabemos», bem como a erudição académica «de última geração» sobre a experiência das revoluções socialistas do século XX, são propagadas com distorções e mentiras... e como isso retira às pessoas a capacidade de compreensão.
- Um olhar sobre a mais importante experiência revolucionária até hoje, a Revolução Cultural na China: os seus objectivos, os seus êxitos e as suas limitações.
- Como é que a nova síntese de Bob Avakian permite que a humanidade vá mais longe e faça melhor a revolução socialista no mundo de hoje.
Introdução: A ignorância institucionalizada
Vladimir Ilitch Lenine, líder da Revolução Russa, dirige-se às massas |
Continuando nesta «experiência conceptual», suponhamos que, nesta situação, há mesmo muitos intelectuais progressistas e radicais que ficam desorientados e desmoralizados. E que são intimidados ao silêncio.[1]
Bem, isto é uma analogia com a situação que existe na vida e no discurso intelectual em relação ao comunismo. É agora aceite sem discussão o veredicto de que o comunismo é um fracasso. Pensadores radicais que antes contestavam as mentiras anticomunistas e que abriam os seus olhos e os dos estudantes para a experiência actual e libertadora da revolução comunista – muitos desses académicos progressistas aceitaram esse veredicto sem reflexão.
Vejam que, nos anos 1960, o mundo fervilhava com a revolução. A revolução chinesa inspirou pessoas em todo o mundo. Os movimentos mais revolucionários e de maior alcance dos anos 1960 – seja o dos Panteras Pretas ou os de libertação feminina radical – foram influenciados pela revolução comunista, e sobretudo pela Revolução Cultural na China. E isso teve um impacto nas universidades – incluindo aqui mesmo em Harvard – na forma como as pessoas viam as suas vidas e o significado e os objectivos do trabalho intelectual. Mas desde a derrota da revolução na China em 1976, já lá vão quase 35 anos, tem havido uma ofensiva ideológica incessante contra a revolução comunista. E isto tem tido importantes consequências.
Eu sei que há pessoas nesta sala que querem fazer algo de significativo com as suas vidas em benefício da humanidade. Talvez alguns de vós queiram dedicar as vossas energias à resolução da emergência ambiental que enfrentamos... ou a ensinar nas zonas urbanas marginalizadas... ou a explorar através das artes na esfera da imaginação e da metáfora como é que as pessoas são e poderiam ser, e como é que o mundo é e poderia ser.
Mas, independentemente das vossas paixões e convicções, este sistema tem a sua própria lógica que tudo molda. Estou a falar de um sistema que funciona na base do lucro. Estou a falar de uma economia que é a base de um império: um sistema global de exploração em que os Estados Unidos se arrogam para si próprios o «direito» de fazerem a guerra e de invadirem e ocuparem outros países. Estou a falar de um sistema económico protegido por instituições governamentais e por uma máquina militar de morte e destruição. Estou a falar dos valores e ideias que são promovidos nesta sociedade.
Vocês sabem que é urgente tomar medidas radicais para inverter a catástrofe ambiental iminente. Mas o que se faz – na realidade o que não se faz para enfrentar a emergência ambiental, de que a Cimeira de Copenhaga é o mais recente exemplo indigno – é movido e limitado pelos mecanismos do mercado mundial capitalista... pelo equil]ibrio financeiro capitalista... e pelas relações de poder e lutas de poder entre os Estados Unidos e as outras grandes potências opressoras.
Vocês querem ensinar «verdades incómodas» sobre a verdadeira história da América e o seu papel no mundo? Bem, devem fazê-lo, mas irão ser pressionados e ameaçados e provavelmente irão ficar sem emprego. Se uma mulher quiser romper com as convenções e os estereótipos, irá enfrentar toda uma vida de olhares ameaçadores, ameaças físicas e imagens sexuais degradantes que reflectem e reforçam as tradições escravizadoras e a subordinação.
Manifestação na Nevsky Prospekt, São
Petersburgo, Julho de 1917, um dos muitos levantamentos das massas que
precederam a Revolução de Outubro na Rússia (Foto: Rheta Louise Childe Dorr) |
Na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), na de Nova Iorque (NYU) e na de Chicago distribuímos um questionário de escolha múltipla sobre factos básicos relativos ao comunismo. Não eram coisas obscuras nem enigmáticas. Fizémos perguntas como: durante os anos 1930 qual foi o único país da Europa de Leste que se ergueu contra o anti-semitismo? A resposta é a União Soviética.[2] Perguntámos: nos anos 1960 qual foi o único país do mundo em que o governo e os líderes apelaram às pessoas que se revoltassem contra a autoridade institucional opressora? A resposta é a China maoista.[3] Os resultados das respostas foram péssimos – a pontuação média do teste foi de cerca de 58 em 100. Por outras palavras, as pessoas reprovaram.
Isto é uma vergonha. Porque no século XX aconteceu algo histórico a nível mundial e as pessoas não sabem o mais básico sobre isso. As primeiras sociedades socialistas forjaram-se através de revoluções monumentais, do levantamento dos miseráveis da Terra: na União Soviética entre 1917 e 1956 e na China entre 1949 e 1976. Estas foram as primeiras tentativas na história moderna de criar sociedades livres da exploração e da opressão – o socialismo. E a experiência dessas revoluções... muda tudo. O mundo não tem de ser desta maneira e nós podemos conseguir mais e melhor numa nova vaga da revolução.
O socialismo e o comunismo explicados
Então, o que é o socialismo? Clarifiquemos alguma da confusão. O socialismo não é apenas a propriedade governamental de algumas empresas ou uma ou outra regulação governamental – todos os governos capitalistas o fazem. E o socialismo não é o que Obama está a fazer – Obama não é socialista.Na realidade, o socialismo consiste em três coisas:
Primeiro, o socialismo é uma nova forma de poder político em que os que antes eram oprimidos e explorados, em aliança com as classes médias e profissionais e a grande maioria da sociedade, governam a sociedade sob a liderança de um partido visionário de vanguarda. Esta nova forma de poder de estado mantém refreados tanto os velhos como os novos exploradores. Ela torna possível uma democracia que: (a) liberta a criatividade e a iniciativa das pessoas em todo o tipo de direcções e (b) dá às massas populares o direito e a capacidade de mudarem o mundo e de se envolverem num processo de decisão com sentido que promove um debate de maior alcance e protege os direitos individuais. Este novo estado socialista de que estou a falar serve de plataforma de lançamento para a revolução em todo o mundo
Segundo, o socialismo é um novo sistema económico onde os recursos e as capacidades produtivas da sociedade são propriedade social através da coordenação do estado socialista. Nele, a produção é organizada e planificada de uma forma consciente para satisfazer as necessidades sociais e para eliminar as desigualdades da sociedade capitalista de classes – tais como a opressão das nacionalidades minoritárias e a subordinação da mulher. É uma economia organizada para promover a revolução no mundo e proteger o planeta. A exploração e a supremacia do lucro deixarão de reger a sociedade e a vida das pessoas. Já não serão as grandes empresas farmacêuticas e os conglomerados financeiro-seguradores a determinar as condições de fornecimento de cuidados de saúde e a investigação médica. Deixarão de existir. Também deixará de haver uma General Motors e uma Boeing a enviesarem o desenvolvimento dos transportes e a produção de energia com o objectivo do lucro.
Terceiro, o socialismo é um período histórico de transição entre o capitalismo e o comunismo, um período de luta e experimentação revolucionária para transformar todas as estruturas económicas, todas as instituições e arranjos sociais e todas as ideias e valores que perpetuam a divisão da sociedade em classes.
Tropas das grandes potências imperialisas (EUA, Grã-Bretanha e Japão) em parada em Vladivostok em 1917 em apoio ao Exército Branco que tentou esmagar a Revolução Russa (Foto: Albert Rhys Williams) |
O comunismo [é] um mundo em que as pessoas trabalham e lutam juntas pelo bem comum... em que todas as pessoas contribuem para a sociedade tudo o que podem e recebem tudo o que precisam para viverem uma vida digna de seres humanos... em que deixa de haver divisões entre as pessoas em que algumas dominam e oprimem as outras, roubando-lhes não só os meios para terem uma vida decente, mas também o conhecimento e os meios para realmente compreenderem o mundo e agirem para o mudar.[4]As revoluções na Rússia e na China, durante o que equivale a um «nanossegundo» na história humana, conseguiram fazer coisas surpreendentes no caminho que eu estou a descrever. Claro, não sem problemas e insuficiências sérias... mas, durante o tempo em que existiram, estas revoluções consseguiram grandes feitos, apesar dos grandes obstáculos.
Porque é que os obstáculos eram tão grandes? Em primeiro lugar, porque os imperialistas trabalharam sem cessar para esmagarem essas revoluções. As revoluções socialistas do século XX tornaram-se numa ameaça mortal (e, claro, moral) à ordem global estabelecida de exploração, privilégios e desigualdade. Elas abriram à humanidade novas possibilidades e novos caminhos para concretizar essas possibilidades.
Os imperialistas não andaram a dizer a Lenine ou a Mao: «Ah, vocês querem tentar criar uma nova sociedade baseada na cooperação, querem criar uma economia planificada baseada em dar prioridade a satisfação das necessidades humanas, querem resolver os problemas da saúde e da educação e vão tentar fazer com que os que estão no fundo da sociedade a administrem cada vez mais. Muito bem, porque não tentam fazê-lo durante vinte anos e depois comparamos os resultados? Veremos então qual dos sistemas funciona melhor.»
Não! As potências capitalisto-imperialistas cercaram, pressionaram e tentaram estrangular essas revoluções. Poucos meses após a vitória da revolução bolchevique de Outubro de 1917, França, Inglaterra, Japão, Estados Unidos e mais treze potências enviaram dinheiro, armamento e tropas em socorro às forças contra-revolucionarias na Rússia que pretendiam restaurar a velha ordem de exploração e obscurantismo religioso.
Quantos de vocês sabem que o primeiro embargo de petróleo do mundo foi aplicado contra a revolução soviética? Quantos de vocês sabem que durante todo o período entre 1917 e 1950 a nova sociedade socialista da União Soviética ou estava a preparar-se para a guerra, ou a fazer a guerra, ou a recuperar dos danos da guerra?
Ou então considerem as circunstâncias que a revolução chinesa enfrentou após a sua chegada ao poder em 1949. Passado apenas um ano, as tropas norte-americanas estavam a subir pela península coreana acima e a ameaçar invadir a própria China. Quantos de vocês sabem que, no início dos anos 1950, o presidente norte-americano Eisenhower, no seu discurso sobre o estado da Nação, fez ameaças nucleares veladas e que os imperialistas norte-americanos desenvolveram planos militares para desencadearem ataques nucleares contra a nova República Popular da China?[5] Esta é a verdade histórica.
Foi nestas circunstâncias históricas que milhões de pessoas na União Soviética e na China fizeram a revolução e iniciaram profundas mudanças nas suas condições de vida e na sua forma de pensar. E uma outra razão porque elas enfrentaram grande obstáculos foi que essas revoluções não se desenvolveram no vácuo. Elas ocorreram, tal como as futuras revoluções, em sociedades que ainda continham as cicatrizes e as influências da velha ordem social, incluindo as divisões de classes, juntamente com as ideias e tradições do passado. Tudo isto também faz parte da realidade e dos desafios de fazer a revolução.
É isto que vocês têm andado a aprender sobre a história do século XX? Será que vocês aprendem que nos anos 1920 – num período em que nos Estados Unidos os negros eram linchados e em que um dos maiores êxitos da cultura norte-americanao era o filme racista Nascimento de uma Nação, que exalta o Ku Klux Klan – será que vocês aprendem que na União Soviética estava a acontecer algo totalmente diferente? Nesse mesmo período, na União Soviética estavam a ser feitos enormes esforços para eliminar a desigualdade entre as nacionalidades.
A nova sociedade socialista estava a levar a cabo uma luta contra o chauvinismo histórico da nacionalidade russa predominante. Estavam a ser canalizados recursos económicos e técnicos para as regiões com grandes concentrações de nacionalidades minoritárias. O novo estado soviético estabeleceu formas de governo autónomo nessas regiões que permitiram que os povos dessas regiões se encarregassem da sua administração. Promoveu a igualdade de idiomas e chegou mesmo a desenvolver formas escritas dos idiomas que antes não as tinham.[6]
Isso foi um surpreendente mar de mudanças. Reparem que, antes da revolução bolchevique, a Rússia era conhecida como uma «prisão de nações», tristemente famosa pelos pogroms contra os judeus e pela submissão de nações inteiras. Era uma sociedade em que, antes da revolução, certas nacionalidades minoritárias estavam proibidas de usar os seus próprios idiomas nativos nas escolas.
A maioria de vocês não sabe isto porque este conhecimento foi afastado do mundo académico e da sociedade. Vocês estão cercados e é-vos inculcada a narrativa oficial de que nada de bom resultou dessas revoluções – que elas falharam e não poderiam senão falhar.
2ª Parte – As mentiras e os métodos por trás das mentiras
Mao Tsé-tung proclama a fundação
da República Popular da China na Praça de Tiananmen em Pequim a 1 de Outubro de 1949 |
Eu quero desconstruir três exemplos típicos de alto perfil e grande impacto daquilo de que estou a falar.
Chang/Halliday distorcem totalmente o significado das palavras de Mao
Comecemos pelo livro Mao: A História Desconhecida, de Jung Chang e Jon Halliday. O livro tem sido apresentado como a biografia definitiva de Mao Tsé-tung e esteve na lista dos livros mais vendidos do jornal The New York Times. Jung Chang e Jon Halliday querem que vocês acreditem que Mao era um hedonista cínico que assassinou dez vezes mais inocentes que Hitler. Insistem que ele era um assassino a sangue-frio – mas como não podem substanciar isso com factos, encheram o livro de mentiras e distorções.Vejamos o Capítulo 40 do livro, que trata do ano de 1958. Tem o seguinte cabeçalho em cada página: «O Grande Salto: ‘Metade da população da China pode ter de morrer’».[7] Chang e Halliday estão a citar um discurso de Mao em Novembro de 1958 em que ele disse: «metade da população da China pode ter de morrer».
Eles fazem essa citação como prova de que Mao não se preocupava com a vida humana: que deixaria metade da população da China morrer para concretizar uma visão alucinada de uma nova sociedade. Mas quando se lê o discurso de Mao, o que ele na realidade está a dizer é o oposto:
«Na construção das obras de irrigação, entre o inverno passado e esta primavera, removemos mais de 50 mil milhões de metros cúbicos de terra e pedras a nível nacional, mas entre este inverno e a próxima primavera queremos remover 190 mil milhões de metros cúbicos a nível nacional, um aumento bastante maior que para o triplo. Teremos de lidar com todo o tipo de trabalhos: aço, cobre, alumínio, carvão, transporte, as indústrias de processamento, a industria química – [todos] requerendo muita gente. Neste tipo de situação, acho que se fizermos [tudo isto em simultâneo] indiscutivelmente metade da população da China acabará por morrer; e se não for metade, será um terço ou dez por cento, ou seja 50 milhões de pessoas mortas... Anhui quer fazer tantas coisas, é muito correcto fazer-se muito, mas tomem como princípio que isso não cause nenhuma morte.»[8]
Mao está a salientar que o plano económico está a tentar fazer demasiados grandes projectos de uma só vez, e que a insistir-se nesse plano, bem... «indiscutivelmente metade da população da China acabará por morrer» – e nós não queremos isso! Ele está a avisar contra o excesso de entusiasmo – porque isso pode levar ao excesso de trabalho, esgotamento e mortes – e Mao está a fazê-lo de uma forma altamente dramática.
Portanto, Chang e Halliday retiraram a frase de Mao completamente fora do seu contexto e inverteram o seu significado. Mentiram. Isto em si mesmo já seria suficientemente mau. Mas esta mentira é repetida em análises, jornais e blogues. Propaga-se e é citada tão frequentemente que se está a tornar num facto estabelecido. A seguir ninguém tem de provar nada. É um caso encerrado: Mao era pior que Hitler. Isto é inacreditavelmente desonesto e perverso. E no entanto passa por erudição.
A desastrada erudição de MacFarquhar convertida em verdade
Deixem-me passar agora a uma prestigiada fonte académica com um verniz de rigor erudito. Estou a falar do livro Mao's Last Revolution [A Última Revolução de Mao], de Roderick MacFarquhar, o muito conhecido estudioso da China aqui em Harvard, e Michael Schoenhals. Este livro foi publicado em 2006 e tem sido amplamente considerado como o relato «definitivo» da Revolução Cultural.MacFarquhar descreve o contexto em que Mao desencadeou a Revolução Cultural. Eis como o faz: «Vários comentários indicam que Mao ansiava por uma medida de terror catalítico para iniciar a Revolução Cultural. Ele não teve nenhum escrúpulo em tomar vidas humanas. Numa conversa com pessoas da sua confiança numa fase posterior da Revolução Cultural, o Presidente chegou a dar a entender que o sinal de um verdadeiro revolucionário era justamente o seu intenso desejo de matar». E então MacFarquhar apresenta esta alegada declaração de Mao: «Esse homem, Hitler, era ainda mais cruel. Quanto mais cruel melhor, não acham? Quanto mais pessoas se mata, mais revolucionário se é.»[9]
Militantes comunistas entram em Pequim durante a Revolução Cultural |
E, a partir daqui, esta declaração, que não pode ser atribuída a Mao com realismo ou possibilidade de prova, nem citada em nenhum contexto significativo, é repetida na comunicação social estabelecida e por outros senhores do mundo académico. Andrew Nathan, um conhecido liberal estudioso da China, professor na Universidade de Columbia, incluiu essa declaração atribuída a Mao na sua recensão crítica do livro na revista The New Republic.[11] Eu segui o rasto da recensão de Nathan, e ela foi reproduzida em diferentes blogues e sítios de recensão de livros.
Suponhamos agora que um de vocês na audiência está a tentar aprender sobre a Revolução Cultural e vai à Wikipedia. Bem, na entrada sobre a Revolução Cultural, encontrarão a seguinte declaração de Mao Tsé-tung, apresentada como parte das orientações de Mao para a Revolução Cultural: «Quanto mais pessoas se mata, mais revolucionário se é». E qual é a fonte? Adivinharam: Roderick MacFarquhar, essa eminência parda dos estudos chineses.[12]
A minha pergunta é: porque é que todos esses outros estudiosos não escrutinaram essa nota, em vez de repetirem essa calúnia sensacionalista sobre Mao? Porque eles não se sentem obrigados a provar nada: o projecto comunista foi declarado um desastre e um horror. E muitos desses e outros ditos estudiosos têm participado no tecer de uma narrativa das revoluções bolchevique e chinesa baseada em distorções e deturpações semelhantes sobre o que essas revoluções pretendiam fazer, o que essas sociedades socialistas de facto conseguiram e quais as verdadeiras dificuldades e desafios que enfrentaram.
Eu fiz um desafio público a Roderick MacFarquhar para um debate (o meu desafio menciona essa nota no final do livro) – e os organizadores da minha digressão transformaram-no num anúncio pago e submeteram-no a semana passada ao Harvard Crimson.[13] Mas, adivinhem o que se passou? O presidente do Crimson recusou-se a publicar o anúncio, dizendo que era «demasiado controverso». Duh!
Onde estão os académicos progressistas? Porque não estão a denunciar tudo isto? Porque muitos deles aceitaram esses veredictos, num ambiente de ataque impiedoso ao projecto comunista – enquanto outros ficaram intimidados por aquilo «que todos sabemos» e por aquilo que se tornou na norma do discurso intelectual: antes que se possa falar sequer em socialismo, mesmo que de uma forma positiva, é preciso negar a experiência das revoluções socialistas do século XX.
Entra Naomi Klein
Na realidade, estas distorções anticomunistas impregnam profundamente o pensamento político progressista. Veja-se o caso da activista e crítica social Naomi Klein. Aqui, vou basear-me na análise de Bob Avakian publicada no jornal Revolution.[14] Nas primeiras páginas do livro dela, A Doutrina do Choque, Klein descreve a situação nos Estados Unidos após o 11 de Setembro e a forma como a administração Bush a explorou.Klein escreve: «De repente, descobrimo-nos a viver numa espécie de Ano Zero em que tudo o que sabíamos acerca do mundo antes podia agora ser ignorado como ‘pensamento pré-11 de Setembro’.» E ela tem razão quanto a isto. Mas depois usa a seguinte analogia: «Ainda que nunca tenhamos sido fortes no nosso conhecimento de história, os Estados Unidos converteram-se numa tábua rasa – numa ‘folha de papel em branco’ em que ‘podem ser escritas as mais novas e mais belas das palavras’, como Mao disse do seu povo.[15] Klein está de facto a citar um pequeno ensaio de 1958 de Mao intitulado «Apresentação de uma Cooperativa». Mas ela retira essa passagem totalmente do contexto para fazer parecer que se refere ao controlo da mente de massas não educadas por parte de líderes totalitários.
Vejamos o que de facto disse Mao:
Manifestação em Shenyang em 1968 de apoio ao movimento de massas de incentivo aos estudantes e ex-Guardas Vermelhos a irem viver nos campos |
No início do ensaio, Mao observa: «Nunca antes as massas populares estiveram tão inspiradas, tão militantes e tão audazes como agora». «Inspirados», «militantes» e «audazes»: não é exactamente este o mundo em que George Bush ou Barack Obama querem que vivamos! Nem é o estereótipo que Klein insinua, de líderes comunistas que transformam as pessoas em robôs inconscientes.
Eis aqui três exemplos diferentes de propagação de estrondosas mentiras e distorções que reforçam a ignorância sobre o comunismo: desde os autores reaccionários de Mao: A História Desconhecida; ao A Última Revolução de Mao do liberal anticomunista Roderick MacFarquhar; e à crítica social progressista Naomi Klein no seu livro  Doutrina do Choque. Como tenho vindo a salientar, os efeitos disto não podem ser subestimados: uma redução de pontos de vista, toda uma geração de jovens a quem é roubado conhecimento.
3ª Parte – A Revolução Cultural na China: O que realmente foi
No resto desta conferência, irei utilizar o documento Comunismo: O Início de uma Nova Fase, Um Manifesto do Partido Comunista Revolucionário dos EUA.[17] Este Manifesto faz um resumo da história da revolução comunista até agora, dos seus avanços e das suas lições. Explica como o comunismo evoluiu enquanto ciência viva, criativa e flexível, desde o seu início com Marx, passando por Lenine, até Mao e Bob Avakian. Este Manifesto fornece um enquadramento para o inicio de uma nova fase da revolução comunista. E deixem-me acrescentar que ninguém se pode considerar informado e actualizado sobre o pensamento humano emancipador se ainda não leu este Manifesto.Agora, uma das coisas que ouvimos muito frequentemente ao discutirmos o comunismo com estudantes é o seguinte: «bem, pode ser uma boa ideia, mas na prática não funciona». Quero responder a isto, voltando justamente à Revolução Cultural e entrando naquilo que foi e no que conseguiu.
Algum enquadramento histórico
A Revolução Cultural de 1966-76 foi o ponto mais alto das revoluções socialistas do século XX e de toda a primeira fase da revolução comunista, iniciada com a Comuna de Paris. A Revolução Cultural foi a luta mais radical e de maior alcance da história humana pela eliminação da exploração e da opressão e para mudar a sociedade e criar novos valores e novas formas de pensar.[18]Mas a «narrativa dominante» burguesa é que a Revolução Cultural foi uma purga vingativa dos seus opositores por parte de um Mao sedento de poder: uma orgia de violência sem sentido e de perseguição generalizada que mergulhou a China numa década de caos. Não há uma pinga de verdade nesta narrativa. Mas antes de eu entrar directamente nisso, quero enquadrar a Revolução Cultural falando um pouco sobre a sociedade chinesa antes da revolução de 1949.
A vasta maioria dos habitantes da China eram camponeses que trabalhavam a terra, mas que tinham pouca ou nenhuma terra própria. Viviam sob o domínio de proprietários rurais que controlavam a economia local e as vidas das pessoas. Os camponeses lutavam desesperadamente pela sobrevivência. Nos piores anos, muitos deles tinham de comer folhas e cascas de árvores, e não era incomum as famílias camponesas verem-se obrigadas a vender os filhos para pagarem as suas dívidas. A agricultura estava infestada de ciclos infindáveis de inundações e secas e fome. Para as mulheres, a sua existência era um inferno em vida: espancamentos pelos maridos, pés dolorosamente atados, casamentos arranjados e as jovens forçadas a tornar-se concubinas dos proprietários rurais e dos senhores da guerra.
Na maior cidade da China, Xangai, estima-se que as brigadas municipais de saúde pública recolhiam 25 000 cadáveres das ruas por ano. Ao mesmo tempo, os bairros controlados por estrangeiros resplandeciam. Num país com 500 milhões de habitantes, só havia 12 000 médicos treinados em medicina moderna e morriam 4 milhões de pessoas por ano devido a doenças epidémicas ou infecciosas.[19]
É por coisas destas que as pessoas fazem revoluções. Foi por isto que milhões de pessoas na China participaram conscientemente na luta liderada por Mao pela tomada do poder de estado e pela criação de uma nova sociedade.
Distorções comuns sobre a Revolução Cultural
Cartaz chinês da Revolução Cultural com
as frases: «Destruir o velho mundo. Construir o novo mundo», 1966. |
2ª Distorção: Os relatos burgueses descrevem a Revolução Cultural como uma horrível tentativa de Mao de incentivar as pessoas à histeria generalizada.
A verdade é que a Revolução Cultural foi um levantamento popular revolucionário em que participaram centenas de milhões de pessoas numa profunda e intensa luta sobre o rumo da sociedade:
Iria a China socialista avançar na via socialista para o comunismo: para uma comunidade mundial da humanidade sem classes, onde tenham sido eliminadas todas as formas de exploração e desigualdade social, onde o homem tenha deixado de dominar a mulher, onde já não existam nações dominantes e nações dominadas e em que o próprio mundo já não esteja dividido em nações, onde tenha sido eliminada a divisão da sociedade entre os que trabalham sobretudo com as suas mãos e os que trabalham sobretudo na esfera das ideias, onde já não seja necessário um estado para impôr o domínio de um grupo da sociedade sobre o outro?
Ou iria a China socialista tomar a via capitalista de regresso à exploração intensa, à aglomeração nas cidades de migrantes desesperados à procura de trabalho, à subordinação da mulher e ao ressurgir da prostituição e da objectificação da mulher – em suma, iria a China tornar-se na China de hoje?
3ª Distorção: A narrativa burguesa sobre a Revolução Cultural fala em «desastrosa implementação das utópicas fantasias» de Mao.
A verdade é que Mao e os revolucionários que lideraram a Revolução Cultural tinham objectivos coerentes e visionários. Que objectivos eram esses?
- Mobilizar as pessoas na sociedade para derrubarem essas novas forças capitalistas e revolucionarem o próprio Partido Comunista.
- Revigorar a revolução, submetendo todos os níveis de autoridade e governação à crítica e ao questionamento das massas.
- Promover os valores socialistas de «servir o povo» e pôr em primeiro lugar os interesses da humanidade mundial e combater a moral capitalista de maximização do auto-lucro e auto-enriquecimento, bem como a mentalidade confuciana de se curvar perante a autoridade e as convenções.
- Reconfigurar e revolucionar as instituições e a estrutura da sociedade: a) para criar um sistema de ensino que, em vez de produzir uma elite privilegiada, contribua de facto para a elevação do conhecimento e das capacidades da sociedade e para a eliminação das grandes divisões da sociedade; b) forjar uma nova cultura revolucionária, como as obras revolucionárias modelo na ópera e no ballet que punham uma nova ênfase nos operários e camponeses e na sua resistência à opressão (em vez dos velhos dramas sobre a corte imperial) e que criaram poderosas imagens de mulheres revolucionárias fortes e independentes; c) criar novas instituições de base dentro das fábricas, escolas e hospitais que verdadeiramente dêem poder ao povo.
Uma verdadeira revolução
Uma foto oficial do início da década de
1970, de promoção do movimento dos médicos pés-descalços |
No Outono de 1966, havia em Xangai cerca de 700 organizações nas fábricas. Por fim, os operários revolucionários, sob a direcção maoista, conseguiram unir vastos sectores da população da cidade para derrubar os seguidores da via capitalista que estavam no comando da cidade. E o que se seguiu foi extraordinário: as pessoas começaram a experimentar novas instituições de autoridade política da cidade; e a liderança maoista pôde analisar e retirar lições dessa experiência e desses debates.[21] Nos campos, os camponeses debatiam como é que os valores confucianos e o sistema patriarcal ainda influenciavam a vida das pessoas.
E quanto à violência?
Os relatos ocidentais típicos fazem acusações de que ataques violentos a pessoas e a eliminação física de opositores tinham a bênção oficial de Mao – e que, quer fosse uma política ou não, a violência arruaceira era a norma. Estas duas alegações são falsas.A orientação de Mao para a Revolução Cultural foi claramente especificada em documentos oficiais amplamente divulgados. Na Decisão em 16 Pontos, que guiou a Revolução Cultural, declarava-se: «Onde houver debate, deve ser conduzido através da argumentação e não da força.[22] Sim, houve violência durante a Revolução Cultural. Mas: a) ela não foi a principal característica da Revolução Cultural – as principais formas de luta foram os debates de massas, a mobilização política das massas e a crítica de massas; b) quando os jovens activistas Guardas Vermelhos e outros recorreram à violência, isso foi claramente condenado e combatido pela liderança revolucionária maoista – por exemplo, em Pequim, os operários, sob a orientação de Mao, entraram nas universidades para impedirem as lutas entre facções de estudantes e para os ajudarem a resolver as suas diferenças; e c) muita da violência que ocorreu durante a Revolução Cultural foi de facto incitada por altos quadros seguidores da via capitalista que tentavam defender as suas posições privilegiadas.
Essa Decisão em 16 Pontos não foi uma directiva de circulação restrita entre os círculos internos do partido que de alguma forma tenha escapado à atenção dos nossos brilhantes estudiosos académicos. De facto, foi divulgada em toda a China como orientação sobre as metas, os objectivos e os métodos dessa revolução!
Êxitos reais e sem precedentes
A Revolução Cultural conseguiu coisas surpreendentes e sem precedentes.Não era nenhum anti-intelectualismo, mas antes uma questão de pôr o conhecimento ao serviço de uma sociedade que estava a acabar com as desigualdades sociais. Os antigos currículos universitários foram revistos. O estudo foi combinado com o trabalho produtivo. Os velhos métodos de ensino que viam os estudantes como receptores passivos do conhecimento e os professores e instrutores como autoridades absolutas foram criticados.
A China, um país relativamente atrasado, alcançou algo que o país mais rico do mundo, os EUA, não têm conseguido fazer: fornecer cuidados de saúde universais. Como resultado da Revolução Cultural, foi estabelecido um sistema de saúde que respondeu e resolveu as necessidades dos camponeses das zonas rurais da China, os quais constituíam 80 por cento da população chinesa.
Em pouco mais de uma década após a tomada do poder em 1949, a revolução conseguiu eliminar doenças epidémicas como a varíola e a cólera. Foram lançadas campanhas de massas para combater o vício do ópio.[24] E juntamente com a mobilização das massas, houve educação em massa. Isto era uma característica muito importante e definidora dos cuidados de saúde na China socialista: maximizar a participação da comunidade e a consciência e responsabilidade das massas em relação às questões e preocupações da saúde. Houve simultaneamente uma distribuição centralizada dos recursos de saúde necessários e uma grande descentralização.[25]
Um dos mais entusiasmantes desenvolvimentos da Revolução Cultural foi o que ficou conhecido como movimento dos «médicos pés descalços». Eram jovens camponeses e jovens urbanos enviados para os campos que tinham sido rapidamente treinados em cuidados de saúde básicos e numa medicina virada para satisfazer as necessidades locais e capaz de tratar as doenças mais comuns. Em 1975, havia 1,3 milhões desses «médicos pés descalços».[26]
Os resultados foram espantosos. A esperança de vida no tempo de Mao duplicou de 32 anos em 1949 para 65 anos em 1976.[27] Amartya Sen, o economista galardoado com o Prémio Nobel, fez um cálculo: se a Índia tivesse o mesmo sistema de saúde que a China no tempo de Mao, teriam morrido na Índia menos 4 milhões de pessoas por ano. Isto equivale a um total de mais de 100 milhões de mortes desnecessárias na Índia desde a independência em 1948.[28]
Digam-me qual é o sistema económico-social que valoriza a vida humana… e qual é o que não o faz.
4ª Parte – A natureza humana pode ser mudada
Cartaz de divulgação do movimento dos médicos pés-descalços |
É isto que o socialismo, a revolução socialista, muda. Abre toda uma nova esfera de liberdade para as pessoas mudarem as suas circunstâncias e a sua forma de pensar. E foi isto que aconteceu durante a Revolução Cultural.
Na China, durante a Revolução Cultural, havia um sistema económico baseado na utilização dos recursos em benefício da sociedade e da revolução mundial. Foram criadas novas relações sociais e novas instituições que permitiam que as pessoas cooperassem entre si e contribuissem o máximo possível para uma sociedade libertadora e para a emancipação da humanidade. O sistema educativo promovia os valores de servir o povo, de não usar o conhecimento para a auto-promoção individual mas sim para melhorar a sociedade e a humanidade. Durante a Revolução Cultural, as pessoas mediam as suas vidas e os actos dos outros pela lente moral de «servir o povo».
Vocês podem ler entrevistas e livros de académicos como Dongping Han, Bai Di e Mobo Gao. Estes autores cresceram durante a Revolução Cultural e participaram nela – e escrevem sobre o que foi crescer no ambiente social da Revolução Cultural, o que para eles significava estarem num enquadramento social que valorizava a cooperação e a solidariedade. Contam como isso afectou a atitude deles em relação a outras pessoas, o seu sentido de responsabilidade social e a forma como a Revolução Cultural influenciou o que eles sentiam ser importante e significativo na vida.[29]
Uma vez mais, não estou a falar de nenhum tipo de utopia e também não estou a dizer que tudo foi feito de uma forma perfeita na China maoista. Mas mudou as pessoas – porque a sociedade socialista cria este novo enquadramento que permite às pessoas mudarem-se a si próprias de uma forma consciente.
E quando em 1976 o capitalismo foi restaurado na China e regressaram as velhas relações económicas do «cão come cão», as pessoas mudaram novamente: de regresso à velha perspectiva do «eu contra ti» e «cada um por si». As pessoas mudaram, não porque de alguma forma se tenha reafirmado uma natureza humana primordial, mas sim porque a sociedade regressou ao capitalismo.
(continua)
NOTAS
[1] Esta
analogia é retirada de Comunismo: O
Início de uma Nova Fase – Um Manifesto do Partido Comunista
Revolucionário dos EUA (Chicago: Publicações RCP, 2008), pág.
18 (revcom.us/Manifesto/Manifesto.html)
[regressar]
[2] A
revolução russa de 1917 trouxe a emancipação política e social dos
judeus num país com uma história de anti-semitismo virulento e de
violentos pogroms contra os judeus. A igualdade de direitos dos
judeus manteve-se com José Estaline nos anos 1930 e durante a II
Guerra Mundial. Em contraste, nos anos 1930, os judeus na Hungria,
Roménia e Polónia enfrentaram movimentos fascistas organizados e um
anti-semitismo institucional – e, mais tarde, os campos da morte. Ver
Arno Mayer, Why Did The Heavens Not Darken? [Porque é que os
céus não escureceram?] (Nova Iorque: Pantheon, 1988), págs. 55-89.
[regressar]
[3] No
início da Revolução Cultural, Mao promoveu as palavras de ordem «É
justo revoltarmo-nos contra os reaccionários» e chamou o povo a
«bombardear o quartel-general» dos seguidores da via capitalista que
estavam a levar a cabo políticas elitistas e opressoras. O
fornecimento de materiais para cartazes e jornais, a utilização
gratuita dos comboios pelos estudantes e o encorajamento na imprensa
foram algumas das formas chave como a crítica e a luta de massas foram
promovidas. Ver a «Decisão do Comité Central do Partido Comunista da
China sobre a Grande Revolução Cultural Proletária» (Adoptada a 8 de
Agosto de 1966, Pequim, Edições em Línguas Estrangeiras, 1966); também
disponível online em inglês em: www.marxists.org/subject/china/peking-review/1966/PR1966-33g.htm.
[regressar]
[5] Acerca
das ameaças nucleares e planos de guerra nuclear contra a China
maoista do início dos anos 1950, ver John Wilson Lewis e Xue Lita,
China Builds the Bomb [A China Constrói a Bomba]
(Stanford: Stanford University Press, 1988), capítulos 1 e 2; Rosemary
J. Foot, “Nuclear Coercion and the Ending of the Korean Conflict” [«A
Coerção Nuclear e o Fim do Conflito Coreano»], International
Security, Inverno de 1988/89 (Vol. 13, nº 3); Matthew Jones,
“Targeting China: U.S. Nuclear Planning and ‘Massive Retaliation’ in
East Asia, 1953-1955”: [«Visando a China: Os Planos Nucleares
Norte-Americanos e a ‘Retaliação em Massa’ na Ásia Oriental,
1953-1955»], Journal of Cold War Studies, Outono de 2008 (Vol.
10, nº 4); e "For Eisenhower, 2 Goals if Bomb Was to Be
Used" [«Para Eisenhower, 2 Objectivos se a Bomba Viesse a Ser
Usada»], The New York Times, 8 de Junho de 1984, e Bernard
Gwertzman, "U.S. Papers Tell of '53 Policy to Use A-Bomb in
Korea" [«Documentos Norte-Americanos Revelam a Decisão de 1953
de Usar a Bomba Atómica na Coreia»], The New York Times, 8 de
Junho de 1984. [regressar]
[6] Sobre a
abordagem e os sucessos da revolução bolchevique no alargamento do
ensino às nacionalidades minoritárias, no assegurar da igualdade de
idiomas e na promoção do ensino em línguas nativas, ver, por exemplo,
Jeremy Smith, “The Education of National Minorities: The Early Soviet
Experience” [«A Educação das Minorias Nacionais: A Experiência Inicial
Soviética»], Slavonic and East European Review (Vol. 75, nº 2),
Abril de 1997. [regressar]
[7] Jung
Chang e Jon Halliday, Mao: A História Desconhecida (Portugal:
Bertrand Editora, 2005 e Companhia das Letras, 2006; Brasil: 2005;
EUA: Nova Iorque, Alfred A. Knopf, 2005), Capítulo 40, págs. 426-439
da edição norte-americana. [regressar]
[8] Mao
Tsetung, "Talks at the Wuchang Conference, 21-23 November
1958" [«Intervenções na Conferência de Wuchang, 21-23 de Novembro
de 1958»], em Roderick MacFarquhar, Timothy Cheek e Eugene Wu, eds.,
The Secret Speeches of Mao Tsetung [Os Discursos Secretos de
Mao Tsé-tung], (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1989),
págs. 494-495. Chang e Halliday usam a mesma fonte em língua chinesa,
mas traduzem-na de forma ligeiramente diferente.
[regressar]
[9] Roderick
MacFarquhar, Michael Schoenhals, Mao's Last Revolution [A
Última Revolução de Mao] (Cambridge, MA: Harvard University Press,
2006), pág. 102. [regressar]
[10] Ibid.,
pág. 515, nota 2. [regressar]
[11] Andrew
J. Nathan, "The Bloody Enigma" [«O Enigma Sangrento»],
The New Republic, 30 de Novembro de 2006. A declaração que
MacFarquhar atribui a Mao é proeminentemente invocada por outros
«respeitados» estudiosos da China numa recensão crítica mais recente
na The New York Review of Books; ver Jonathan Mirsky, "How Reds Smashed Reds" [«Como os Vermelhos
Venceram os Vermelhos»], 11 de Novembro de 2010.
[regressar]
[12] Esta
alegada declaração de Mao cuja fonte é A Última Revolução de
Mao foi desde essa altura removida da entrada da Wikipedia
sobre a Revolução Cultural. [regressar]
[13]
"An Open Letter from Raymond Lotta to Roderick
MacFarquhar" [«Uma Carta Aberta de Raymond Lotta a Roderick
MacFarquhar»], Revolution #198, 11 de Abril de 2010.
[regressar]
[14] Bob
Avakian, "Naomi
Klein's The Shock Doctrine and its Anti-Communist
Distortions—Unfortunately, No Shock There" [«A Doutrina do
Choque de Naomi Klein e as Suas Distorções Anticomunistas –
Infelizmente, Nao Há Aí Nenhum Choque»], Revolution #118, 3 de
Fevereiro de 2008. [regressar]
[15] Naomi
Klein, A Doutrina do Choque (SmartBook, 2009, edição original:
New York: Henry Holt and Company, Inc., 2008), pág. 20 da edição
original. [regressar]
[16] Mao
Tsetung, "Introducing a Cooperative" [«Apresentação de
uma Cooperativa»], em Selected Readings from the Works of Mao
Tsetung [Leituras Seleccionadas das Obras de Mao Tsé-tung]
(Pequim: Edições em Línguas Estrangeiras, 1971), págs. 499-501.
[regressar]
[17] Op.
cit., disponível em português em www.paginavermelha.org/documentos/pcr-manifesto.htm e em inglês
em revcom.us/Manifesto/Manifesto.html
[regressar]
[18] Para
uma avaliação histórico-teórica da Revolução Cultural, ver Bob
Avakian, Mao Tsetung's Immortal Contributions [As
Contribuições Imortais de Mao Tsé-tung] (Chicago: RCP
Publications, 1979), capítulos 5 e 6; e Comunismo: O Início de uma Nova
Fase, op. cit., II. [regressar]
[19]
Jonathan D. Spence e Annping Chin, The Chinese Century [O
Século Chinês] (Nova Iorque: Random House, 1996), pág. 84; Fredric
M. Kaplan, Julian M. Sobin, Stephen Andors, Encyclopedia of China
Today [Enciclopédia da China de Hoje] (Nova Iorque: Harper
& Row, 1979), pág. 233. [regressar]
[20] Sobre
as fases iniciais da Revolução Cultural, ver Jean Daubier, História
da Revolução Cultural Chinesa (Portugal, Editorial Presença, 1974)
e Han Suyin, Wind in the Tower [Vento na Torre] (Boston:
Little, Brown, 1976), capítulos 3 a 5.
[regressar]
[21] Sobre
as lutas de massas em Xangai, ver Daubier e também Elizabeth J. Perry
e Li Xun, Proletarian Power: Shanghai in the Cultural
Revolution [Poder Proletário: Xangai na Revolução Cultural]
(Boulder: Westview Press, 1997). Sobre a forma como Mao analisava as
experiências das massas e dirigia a luta pela criação de novas
instituições de poder, ver Raymond Lotta, Nayi Duniya e K.J.A.,
"Alain Badiou's 'Politics of Emancipation': A Communism Locked Within
the Confines of the Bourgeois World" [«A ‘Política de
Emancipação’ de Alain Badiou: Um Comunismo Fechado Dentro dos Limites
do Mundo Burguês»], Demarcations, Verão-Outono 2009, capítulo
6, II. [regressar]
[22] Do
Ponto 6 da «Decisão do Comité Central do Partido Comunista da China
Sobre a Grande Revolução Cultural Proletária», op. cit., e em: www.marxists.org/subject/china/peking-review/1966/PR1966-33g.htm.
[regressar]
[23]
Suzanne Pepper, "Chinese Education after Mao" [«O Ensino na
China Depois de Mao»], China Quarterly, Março de 1980 (nº
81), págs. 6-7. Para ler estudos relevantes sobre a expansão do ensino
nos campos e a transformação da educação durante a Revolução Cultural,
ver Dongping Han, The Unknown Cultural Revolution: Educational
Reforms and Their Impact on China's Rural Development [A
Revolução Cultural Desconhecida: As Reformas Educativas e o Seu
Impacto no Desenvolvimento Rural da China] (Nova Iorque: Garland
Publishing, 2000); e Ruth Gamberg, Red and Expert: Education in the
People's Republic of China [Vermelho e Especialista: O Ensino
na República Popular da China] (Nova Iorque: Schocken, 1977).
[regressar]
[24] Ver
Kaplan, et al., op. cit., págs. 233 e 242; e C. Clark Kissinger,
"How
Maoist Revolution Wiped Out Drug Addiction in China" [«Como a
Revolução Maoista Erradicou o Vício das Drogas na China»],
Revolutionary Worker #734, 5 de Dezembro de 1993. A versão
completa deste ensaio, Uma questão de poder: Como a China
revolucionária acabó com as drogaa, saiu no Revolutionary
Worker (actualmente Revolution) #476, 10 de Outubro de
1988, e foi reimpresso sob a forma de folheto (Chicago: RCP
Publications, 1988). [regressar]
[25] Victor
W. Sidel e Ruth Sidel, Serve the People: Observations on Medicine
in the People's Republic of China [Servir o Povo: Observações
sobre a Medicina na República Popular da China] (Boston: Beacon
Press, 1973), págs 22-24. [regressar]
[26] Teh
wei Hu, "Health Care Services in China's Economic
Development" [«Os Serviços de Saúde no Desenvolvimento Económico
da China»], em Robert F. Dernberger, editor, China's Development
Experience in Comparative Perspective [A Experiência do
Desenvolvimento da China numa Perspectiva Comparada] (Cambridge:
Harvard University Press, 1980), págs. 234-238.
[regressar]
[27] Penny
Kane, The Second Billion [O Segundo Milhar de Milhão]
(Hammondsworth: Penguin, 1987), pág. 172.
[regressar]
[28] Ver
Jean Dreze e Amartya Sen, Hunger and Public Action [Fome e
Acção Pública] (Oxford: Clarendon Press, 1989), págs. 205 e 214.
Noam Chomsky usa as taxas de mortalidade comparadas de Dreze e Sen
para chegar a esta estimativa de 100 milhões de mortes desnecessárias
na Índia (ver "Millennial Visions and Selective Vision, Part
One" [«Perspectivas Milenáres e Perspectivas Selectivas, 1ª
Parte»], Revista Z, 10 de Janeiro de 2000).
[regressar]
[29] Ver
Bai Di, “Growing Up in Revolutionary China” [«Crescer
na China Revolucionária»], Entrevista, Revolution #162, 12
de Abril de 2009, http://revcom.us/a/161/Bai_Di_interview-en.html; Dongping Han,
“The Unknown Cultural Revolution: Life and Change in a Chinese
Village” [«A
Revolução Cultural Desconhecida: Vida e Mudança numa Aldeia
Chinesa»], Entrevista, Revolution #176, 6 de Setembro de
2009, http://revcom.us/a/175/dongping_han_full_QA-en.html;
Mobo Gao, Gao Village [A Aldeia Gao] (Honolulu:
University of Hawai’i Press, 1999). [regressar]
Excelente artigo, camaradas. Continuem com o excelente trabalho do Brado Marxista.
ResponderExcluirColetivo Bandeira Vermelha - http://bandeiravermelha.org/
realizações do comunismo pelo mundo
ResponderExcluir1)estupro de 5.000.000 de mulheres pelos comunas(comunistas)
2)assassinato de 100.000.000 de pessoas pelos comunistas
só isso é o suficiente para mostrar que comunismo não presta
Se ao menos nosso ilustre covarde tentasse embasar suas precisas estatísticas com fontes confiáveis, valeria dar-lhe ouvido... Todo o texto buscar rebater essas aberrações produzidas pela historiografia ocidental nas últimas décadas. Porque teu ceticismo, que quer parecer "humanista", não fica incomodado com os mortos de fome e as multidões subnutridas (que ultrapassam e muito até mesmos esses números fajutos) no mundo de abundância e obesidade capitalista? Nesse caso deve ser culpa dos agentes racionais e Estados que não sabem se virar. Por que não se alimentam mais de insetos como propõe cinicamente a ONU, não é mesmo?
ResponderExcluirComo dizia Lenin, o socialismo pode mudar muita coisa, mas não a estupidez de alguns homens. O antagonismo não se resolve com debates.
Segui il tuo corso, e lascia dir le gentil.